quarta-feira, maio 31, 2006

CALVÁRIO - "Folhas caídas"

Muitos seres humanos deambulam nos caminhos da vida, como folhas secas no Outono, sacudidas pelo vento, erguendo-se do solo para logo caírem e serem pisadas por quem passa.
Embora muitos possuam capacidades imensas, porque ninguém os estimula e aproveita, ficam caídos e murcham de vez até serem esmagados.
Este pobre homem, andava por lá, sem família, sem casa, sem amigos. Dormia em alpendres, alimentava-se de sandes que os compadecidos lhe davam. Embriagava-se frequentemente para passar o tempo e esquecer a vida que levava. Andava perdido. Nada de útil fazia - vegetava.
Foi encaminhado para nossa Casa, depois de um acidente de viação e de ter sido
hospitalizado. Aqui, todos precisam uns dos outros e todos esperam ajuda.
Ele, com mais validez, começa a ser solicitado pelos inválidos.
-Dá-ma a mão!
Hoje é muito prestável, útil e feliz.
- Isto ajuda a passar melhor o tempo. Nunca tinha feito estas coisas, mas até gosto!
E do que é capaz, nem ele o imaginava.
- Eu já devia estar aqui há mais tempo. Não teria feito tantas asneiras.
Desconhecia-se a ele próprio, agora encontrou-se.

A Maria também era indesejada na casa onde vivia. Criava grandes problemas. Eram muitas raparigas e o espaço do Lar exíguo. od conflitos eram, pois, inevitáveis.
A largueza da nossa quinta ajudou-a a encontrar-se. Está calma. e é indispensável a sua presença junto dos outros.

Este outro homem, franzino e discreto, chegou a estar internado para cura de transtornos psíquicos resultantes do álcool. Alguém o encaminhou para nós. E ei-lo que não pára. Todos os chamam e ele a todos atende. Está sempre pronto para os recados.

A cura de muitos males está somente na ocupação. Pedir ajuda é a forma mais eficaz de ajudar alguém. Há tantos tesouros escondidos por aí, que ficam enterrados, por não haver quem os descubra. Temos descoberto tantos! Eles são a nossa riqueza. Quanto a sociedade não ganhava se fosse descobrindo as preciosidades que tem no seu seio!

O apelo de Cristo soa-me, muitas vezes, ao ouvido: "É preciso renascer".
Ora, estas transformações que se vão operando em muitos dos nossos doentes são verdadeiros renascimentos. Há quem não renasça, mas caminhe somente para a morte.

As folhas secas, apodrecidas, mas derramadas nos canteiros da nossa quinta, brotam em rosas coloridas e perfumadas.
Nesta manhã de Primavera, aspiro o cheiro a jasmim.
Uma delícia!

Pde Baptista

Este domingo chegou mais uma folha caída ao Calvário...é bonito ver como aos poucos renasce! acredito que dará uma bela flor!