quinta-feira, março 02, 2006

Tu podes...e eu quero Senhor!

Este encontro começou com uma advertência: “Queria continuar a falar de Jesus…”. Por esta afirmação, do nosso querido Pde Carlos, percebemos que iria ser mais um encontro intenso. “Tudo a postos?”. Assim foi Fevereiro para aqueles que não conseguiram cá estar?
Jesus! Homem espectacular ou que fazia coisas espectaculares? Será que eram ambas? Esta foi a perspectiva de partida para o nosso encontro, será que podemos ser assim como Jesus, “espectaculares como Jesus”?
Jesus derrubou discriminações, que hoje estão tanto em moda! Lembre-mos o Evangelho. Um leproso vai ter com Jesus. Ter lepra era a pior coisa que nos podia acontecer naquele tempo, do ponto de vista biológico, cultural e mesmo religiosamente. Os leprosos eram colocados fora das cidades, rejeitados pela sociedade e considerados castigados por Deus como justificação para a sua doença.
Um leproso chega perto de Cristo! Mas como chegou ele tão perto de Jesus, no meio de uma multidão? Mas chegou, e disse a Jesus, “Tu podes!”. Reconheceu Deus em Jesus, e Jesus pergunta-lhe “Tu queres?”. A intensidade destas frases é extraordinária.
Jesus de facto cura-o da lepra, mas a grande cura que Jesus realiza no leproso, e em todos os que encontra, é uma cura interior, uma cura que leva á mudança. Na vida de Jesus encontramos imensos processos de cura. Os cegos pedem a graça de ver, os paralíticos desejam andar e dirigem-se a Jesus. “Tu podes”.
Contudo, Jesus pode dar vista aos cegos, curar leprosos, ressuscitar os mortos e nada disto é tão espectacular do que perdoar os nossos pecados! Aquele que se aproxima de Jesus para pedir o perdão, aproxima-se como quem pede a cura. Jesus ao perdoar os nossos pecados dá-nos vida, não deixa que fiquemos perdidos mas encontra-nos. “Tu podes…e eu quero!”.
Ás vezes mais vale perder um membro, mas ser curado por dentro. O milagre não é a recuperação do corpo, mas o que se faz com ele.
Temos olhos mas só vemos o que queremos; temos pernas mas, onde nos levam elas; temos braços mas o que fazemos com eles e até inteligência mas não decidimos nada por nós mesmos. Jesus muda-nos lenta e discretamente no nosso interior. Faz uma troca e põem-se no lugar de quem sofre! Este Jesus é tão grande, que se faz o mais pobre, o mais humilde, o mais simples no lugar do mais desprezado que morre na cruz no lugar do condenado!
O Céu, é a experiência da pureza total, amor total onde não há egoísmo, nem interesse próprio ou raiva. O Céu é a comunhão de todas as pessoas em Deus, mas na vida terrena podemos antecipar um bocadinho do Céu, e Jesus, quer antecipar o futuro.
E como podemos? Com o poder de Cristo. Em nós está o poder de curar, de tornar a dar vida, de perdoar e animar, e tudo este poder foi-nos dado no Baptismo. Um “pack” do poder de Cristo!
Senão reconhecemos a vida como um Milagre, se não somos sinal de Deus perto dos outros estamos a desperdiçar este poder que nos é dado. Não há maior milagre no mundo do que "o próximo" mas eu não o consigo reconhecer senão vir em mim próprio um milagre. O mundo precisa de mãos como as nossas, pequenas, ainda a crescer mas dispostas a dar e conscientes do milagre que encerram. Se queremos conhecer Jesus, é porque não queremos viver de qualquer maneira. E Jesus dá este poder a cada um, e cada um é especial, não só João Paulo II ou Madre Teresa. Podemos ver em nós a Santidade! Viver em Paz no meio da confusão e do caos que a vida pode ser, é também um sinal e testemunho. Não nos preocupemos demasiado com o que temos. Jesus perdeu toda a sua vida, “Quem não se perde não se encontra”, e há coisas que não se fazem por dinheiro nenhum do Mundo. Não nos deixemos confundir, mas antes deixemo-nos crescer!
Utilizando uma pequena comparação, o Pde Carlos relembra-nos como Jesus se move em nós! De facto se olharmos uma planta, não a vemos crescer. Assim nós, por dentro, também vamos crescendo, vamo-nos convertendo mas não nos vemos crescer. Jesus vai-nos fazendo crescer, curando-nos das nossas doenças. E quais são as nossas doenças? O nosso caro amigo, apresentou o pessimismo, como uma doença recorrente nestes dias, levando-nos a avaliar a forma como olhamos a vida! Olhar a vida com pessimismo é passar ao lado do que é essencial.
Jesus só faz o que É! Jesus cura os cegos porque é vidente, vê mais longe! Sendo tão perfeitamente humano, Jesus sabe e sente como é não ter olhos, não ter um coração para amar e sofrer para acertar a nossa vida com a do Pai. Assim faz-se farol que nos ilumina quando nos perdemos nas tempestades. É o olhar penetrante que não despe, mas acolhe e conforta aqueles por Ele encontrados. Tudo o que Jesus faz é um prolongamento d’ Ele mesmo. Todos os sinais e milagres advêm, do maior milagre que É Ele. Não há maior milagre do que o nascimento de Jesus.
“Como posso então ser Cristão, sem conhecer a Cristo?”, pergunta o Pde Carlos. “Será o Cristianismo uma religião platónica?”. Faz-se silencio, cada um olha para dentro de si.
Não podemos “fazer sem ser”! Porque baptizam os pais os seus filhos! Levo os meus filhos ao Baptismo porque quero que conheçam Cristo? Jesus é a verdade porque faz o que É. Hoje a televisão é o paradigma da verdade! Do mesmo modo muitas são as coisas neste mundo que deixamos que nos confundam. Somos cristãos mas deixamos de ir á missa porque não gostamos do Padre, ou então deixamos rezar porque os outros nos gozam por isso. Não nos deixemos confundir, olhemos antes Jesus!
Jesus continua a agir na vida de cada um! Não vemos, mas a nossa história e a nossa vida está cheia de toques de Deus, cheia de “Milagres”. Mas que milagre quero eu que Jesus faça? “De onde vêm os milagres?”, pergunta o Pde Carlos. Será que Jesus era mágico? Não, Deus faz milagres a partir daquilo que lhe damos, daquilo que fazemos. Na multiplicação dos pães, o milagre só existe porque um menino lhe deu os pães, sem este acto não existiria milagre! Temos de dar, nas nossas mãos passam muitas oportunidades de milagres.
Jesus, ainda Jesus, mas mais Jesus ainda! A caminhada de hoje de certo modo prepara-nos para a Quaresma, para procurar-mos Jesus e pedir a cura das nossas doenças. A caminhada de hoje diz-nos que milagre somos nós.
E nós o que vamos dar para que Jesus possa realizar milagres?


"Tu podes ...e nós queremos Senhor...!"

quarta-feira, março 01, 2006

Jesus…Jesus…para sempre Jesus!!!

Olhando para os nossos apontamentos, que vamos rabiscando nos encontros com o padre Carlos, reparámos que estes primeiros dois meses do ano foram mesmo Jesuítas. Ou seja, tivemos Jesus pela boca do nosso amigo Pde Carlos. Estes encontros foram um grande unissono que esperamos possa continuar! Para já aqui está o resumo daquilo que recebemos em Janeiro, e foi tanto!
Logo no início deste ano, o Pde Carlos embebeu-nos em Jesus e no Seu encanto. Ajudou-nos a observar que todas as crianças têm encanto, e que quando crescemos achamos que temos de nos produzir para ter encanto. Mas então, de onde vem o encanto de Jesus, se tantos foram os que ficaram encantados por ele? De onde lhe vem o charme? Este Jesus que conquista sem manipular, é “O Homem de olhar penetrante”. Lia-se tudo nos Seus olhos, sabia-se que trazia uma proposta de vida genuína, de Felicidade.
Mas o que tinha Jesus para ficar no coração daqueles homens? Porque conquistou todos, mesmo a sua Mãe? O que tinha Ele? A todas estas perguntas o Pde Carlos responde “Jesus tinha todos os trunfos que nós temos…mas a sua originalidade era que a razão da Sua felicidade, era a felicidade dos outros.” Muitas vezes achamos achamos que a Felicidade é ter um emprego, ou casar ou ter a vida programada...e todas estas coisas são boas, mas para Jesus é mais do que isto. Jesus encontra a Sua vida, quando a perde para os outros!
A Divindade de Cristo não ofusca a sua Humanidade! Jesus, O divino, não abdicou de ser Homem, de ser como nós tantas vezes nos queixamos de ser! Jesus É!
Jesus não era um herói, era mais um incompreendido, diz-nos o Pde Carlos, houve até quem o ouvisse falar e não escutasse porque estavam com muita pressa. Estes não perceberam a verdadeira beleza de Jesus, a beleza que jaz na Verdade, que Jesus cria, aumenta e liberta com as suas palavras.
Mas como eram estas palavras? Eram palavras que não feriam, não matavam, alargavam horizontes. Eram fortes, mas não humilhavam.
Jesus apresenta-se então a nós também como o Homem de Palavra. E nós? Somos pessoas “de palavra”? Jesus fala o que É, não mente, não inventa. E da minha boca, que palavras saem?
Ora, vivemos num mundo que só quer assinaturas,"preto no branco", Jesus tinha a Sua palavra...e as suas palavras tornavam-no credível!
Mas que palavras eram estas?
Não eram discursos preparados, Jesus dizia coisas incompreensíveis de forma tão simples, para que todos o pudessem acompanhar. Não tinha vergonha de pôr em palavras a sua experiência interior. Jesus estava a viver um processo de descoberta da sua identidade, mas não tinha receio, confiava e partilhava! Nas Suas palavras, sentia-se coerência - Jesus vive o que diz, e diz o que vive!. Quem sou? Como percebo os sinais de Deus? Esta experiência de Jesus, não vem só de conversas com os seus botões, mas de uma profunda vivência com O Pai! Por isso, as palavras de Cristo, são a Palavra, a voz de Deus!
Nada saberíamos de Deus, se Jesus não se fizesse boca de Deus, em todas as situações a Sua palavra é testemunho de Deus, mesmo quando a Palavra é Silêncio!
E nós, pergunta-se Pde Carlos, o que diz o nosso silêncio. Temos nós medo de verbalizar a nossa experiência com o Pai?
Hoje admiramos o charme do Seu Olhar e da Sua Palavra! Mas uma coisa, é admirar pessoas, e outra bem diferente é seguir pessoas. Quem conheceu Jesus tinha o desejo de não O perder de vista, de O seguir, de ser mais e melhor. Isto é marca de um toque profundo de Jesus nos outros. Mas sabemos que não é fácil seguir Jesus...todos somos tentados, e Jesus também o foi toda a vida. Foi tentado a fugir da Cruz, a refugiar-se na fama e não no serviço. Olhemos o seu exemplo...como reagiu às tentações? Olhemos então as nossas reacções às nossas tentações!
Falta-nos a experiência de amizade de João Baptista, para com Jesus.
Lembremos as suas palavras: “O que é preciso é que Ele cresça e eu diminua”, ou então “Ele é Deus, Ele dá futuro á humanidade, Ele é o modelo…eu não!”
João via Jesus como modelo, como o Salvador, mas muitos viam-no como o filho de Maria...como podiam reconhecê-lo se Jesus não os tocasse?! É interessante verificar que o primeiro que o reconhece é um agnóstico, um centurião romano que depois da Sua morte na cruz diz: “Na verdade este é o Filho de Deus”.
O toque profundo de Jesus, passa além do olhar, palavras e silêncios. Jesus comunica-nos, a Verdade sobre o Pai, também por sinais, por milagres. Jesus não É sem estes sinais mas também não É só sinais! Muitos foram os milagres que Jesus nos deixou... mas se não estivermos com muita pressa, podemos testemunhar os muitos toques de Jesus todos os dias!

No meio de um já intenso encontro, o Pde Carlos sobe a fasquia, e questiona. Questiona-nos, sobre as nossas razões para aproximar de Cristo. O que queremos Dele? O que nos disseram Dele que nos faz procurá-lo? Neste ponto o silêncio era palpável, mas este nosso amigo continuou!
Sabemos muito sobre Cristo porque nos disseram, mas o que sabemos nós de Jesus que tenhamos aprendido na nossa relação com Ele?
Esta experiência de vivência com Cristo, é o que o Pde Carlos nos deseja, porque por Ele vemos melhor o que há em nós! Ler sobre Jesus é bom mas temos de procurar conhecê-lo por nós próprios. A partir desta experiência devemos avaliar, qual a capacidade de manobra que Jesus tem na nossa vida. Somos Cristãos, mas o que já mudamos na nossa vida e condição por sermos Cristãos? Não basta admirá-lo, é preciso segui-lo!
E como segui-lo senão fazendo Dele Palavra Viva na minha vida? Como podemos ser Cristãos senão seguimos a sua Palavra? Queremos ser Cristãos Descafeinados?
A felicidade passa por aqui, e é gratuita, é-nos oferecida por Jesus!
Segundo o Pde Carlos é importante que desmontemos as ideias que temos de Deus, e abrirmo-nos à ideia que Jesus nos dá de Deus! Desmontarmos o que achamos de nós e deixar que Jesus nos diga quem somos! Daqui estaremos melhor preparados para partir para a vida, mas vida sob a inspiração de Jesus, uma vida difícil mas ao mesmo tempo mais leve, genuína e pura e assim mais fácil.
A vida dar-nos-á muitas oportunidades para sermos fiéis àquilo em que acreditamos. Não podemos forçar ninguém a acreditar mas também não precisamos de mentir. Jesus é a matriz do nosso futuro, como podemos esconder isto dos outros. Mas falar de Jesus não é vendê-lo! Aqueles, que falam Dele sem experiência de intimidade, querem vender Aquele que se ofereceu, e oferece a nós, que se quer dar a conhecer!
Preparando a conclusão deste encontro, o Pde Carlos, inspirado, incita-nos, “ A nossa vida está grávida,está de esperanças. O que nos espera é o Céu! Deus oferece-nos tudo, portanto, o que nos espera é Ser como Jesus foi!”
No final deste encontro, o Pde Carlos ensina-nos que a felicidade é: ser + Cristão – Eu. Em cada ano não ter medo de sonhar com aquilo que quero ser: que tipo de homem, amigo, marido, Cristão, pai… Não ter medo de ajoelhar perante Cristo se não o encontro. É importante que cada um encontre o seu Cristo!
No final deste nosso encontro, é tomado o exemplo do casamento, enquanto uma fusão sem confusão, uma intimidade sem violência, um futuro com o meu passado e uma relação da criatura com o seu criador!
Nas nossas relações, assim como na nossa vida devemos ser coerentes, esta coerência leva à santidade. Deixar crescer Jesus, enquanto este se faz mais Homem em mim, eu torno-me mais divino em Jesus!
O último convite é o de deixar crescer Jesus, sem medo, dar-lhe espaço em nós. Somos o seu sacrário, demos-Lhe espaço!

O que quero deitar fora para dar espaço a Jesus em mim?