quinta-feira, agosto 25, 2005

CALVÁRIO - "O nome"

olé amigos!não sei se leram o artigo anterior referente ao Calvário...concerteza alguns se questionaram o que será isso? e que nome tão arrepiante...nada disso!
A resposta vem no artigo de 20 de Agosto do mesmo jornal e que passo a transcrever...vale a pena ler!

Muitos visitantes ficam intrigados com o nome posto a esta Casa. E tanto mais, porquanto aquilo que se lhes apresenta respira verdura, harmonia e paz.
Na verdade, o nome desta Casa aponta para pessoas com mazelas físicas e morais, tantas delas deformadas e sem alento. E são aqui recebidas por isso mesmo. Elas pouco ou nada esperavam no meio onde viviam.
Ora estes doentes são acolhidos neste recanto, onde tudo está preparado para lhes restituir a vontade de viver mesmo como são.
Transformar o Calvário num local onde a paz é reinante, é apontar para o que os espera no Além. É isto que procuramos. Afinal a vida de todo homem não é ela um Calvário?
Mas todas as vidas, por mais difíceis que sejam, podem ser levadas com coragem, se o meio em que se desenrolam for saudável e esperançoso. O nome desta Casa está, pois, bem posto, porque o tirou daquele outro Calvário, que foi não só lugar de sofrimento, mas também de redenção. Sobretudo lugar onde o amor foi levado ao extremo e venceu a morte.
Ora isto deve ser a vida de todo o homem - etapa do amor conseguido. Só aquele que ama será amado por Deus.
Assim tem sido a vida de tantos que por aqui passaram.
Lembro-me do Gaspar. Veio com dois anos. Foi rejeitado pela mãe e entregue pelo Tribunal. Nunca foi amado por aquela, pois não falava nem andava. E a situação era irrecuperável. O pequeno sofria, mas não o exprimia. Era um ser muito sereno. Aos seis anos a respiração tornou-se difícil. Já nessa altura estava entubado, porque não se alimentava oralmente. Levei-o ao serviço de Pediatria do Hospital. Ele teve de ficar internado para cuidados intensivos.
Ao despedir-me, o Gaspar, ao ver-se nos braços dos desconhecidos, abriu muito os olhos, fez beicinho e as lágrimas saltaram-lhes, escorrendo pela face muito pálida. Voltei atrás e dei-lhe um beijo. Sorriu então. Naquele sofrimento havia uma onda silenciosa de amizade. Na sua inocência conjugava tão bem o verbo sofrer com o verbo amar! Amava aqueles que o recolheram.
Na manhã seguinte, ainda o visitei, mas logo depois o Senhor chamou-o. E assim foi recebido por Aquele que sempre o amara.
Como tem sentido a vida dos homens se nela o sofrimento andar aliado ao amor que vivemos!
Pde Baptista


quarta-feira, agosto 24, 2005

Sofia :-D


Queria agradecer a todos as orações pela pequenina!!!
Já está toda reguila!!!

quinta-feira, agosto 11, 2005

Um pedido especial!!!

A SOFIA NASCEU!!!
Para quem não sabe, a Sofia é o membro mais pequeno do nosso grupo...tem dois dias e é filhota do António e da Carmen!!!
A Sofia tem 3,080Kg, é morena e cabeluda...muito parecida com a mãe(dizem!!!)
Mas a pequenina, cheia de pressa para ver este mundo, não aprendeu a respirar como deve ser e...está precisar da ajuda de algumas simpáticas enfermeiras!!!
Quando puder receber visitas, decerto os papás babados nos avisam...
Até lá, rezemos por esta frágil família em crescimento!!!

segunda-feira, agosto 08, 2005

CALVÁRIO - "A hora dos amigos"

Estive há dias no Calvário (bem pertinho daqui) e o Pde Baptista falou-me da morte..."Eu não tenho medo da morte!"- conclui com aquele estilo destemido que caracteriza os jovens. "Isso é porque pensas que está longe!"- riu-se ele com amizade.
Este artigo do jornal "O Gaiato" de 6 de Agosto, veio continuar a conversa...apesar d grandinho, partilho convosco, porque acho que vale a pena reflectir nisto,com serenidade!

"Foram já centenas aqueles que passaram por aqui a caminho do Além. Muitos vieram expressamente para morrer. Alguns não tinham consciência da sua grave situação; outros sabiam-no. Mas isso não era, tantas vezes, para eles ocasião de tristeza ou angústia. Pelo
contrário. A maioria vinha desiludida, maltratada, rejeitada. E aqui encontravam amigos na mesma barca, felizes por poderem ainda viver, aproveitando todos os
momentos para realizarem qualquer coisa ou simplesmente conversarem e rirem. E assim encontravam-se a si mesmos no encontro com os outros. Parecia que
aproveitavam os dias da vida como únicos. A certeza da impossibilidade de cura dava-lhes mais vontade de viver, de viver bem, de estabelecer laços fortes com
os outros, de partilhar a vida passada e presente.
O senhor António, de quem recentemente dei notícia da sua morte, apesar dos limites que a trombose lhe impusera, estava tranquilo no seu leito. Um dia, veio a esposa e perguntou-lhe se desejava voltar para casa. - Que não, acenou com a cabeça, pois não falava. E sorriu. Tinha aqui amigos, tinha aqui a presença de quem o estimava.
Os amigos são, na verdade, ajuda preciosa nestes momentos derradeiros. A ânsia de os levar manifesta-se, por vezes, no agarrar das mãos de quem está a seu lado.
O "Limão" era um rapaz limitado fisicamente, mas muito capaz. Tinha a responsabilidade da nossa vacaria. Todos o estimavam e admiravam.
Um saro-linfoma surgiu-lhe aos 20 anos. Foi internado no hospital. Inúmeras vezes ali me desloquei para o ver e falar. Certo dia, logo ao chegar, vejo que tem algo de muito importante para me comunicar. - Sabe, tenho cancro. Vou durar pouco tempo. As lágrimas vieram-lhe aos olhos. Os meus também humedeceram. Mas sorrimos um para o outro. Ele sabia que eu era seu anigo. Por isso, confiou-me sereno a sua confidência. e acrescentou: - Gostava de ver os meus colegas. Tenho saudades deles.
Uma ambulância trouxe-o a nossa Casa. Foi um conforto para ele ver como todos o acarinharam.
Na Manhã seguinte havia Eucaristia. Era Domingo. Dois deles levaram-no ao colo para a Capela. Aí rezou com os demais.
À tarde, regressou ao hospital, como tinha sido acordado. Pelas vinte e três horas recebo um telefonema:-O seu Manuel acaba de falecer.
Ele partiu levando consigo os amigos.
A nossa sociedade precisa de ter uma atitude mais digna, verdadeira e compreensiva, perante a morte. Esta faz-nos viver com mais empenho o dia-a-dia; com mais desejo de arranjarmos amigos para não nos sentirmos sós quando partimos."
Pde Baptista